27 de mar. de 2014

Fanfic - Sobreviventes do Apocalipse - Capítulo 11

Capítulo 11 - Eu quero Divar! 
Enquanto tudo acontecia no sudeste do país conhecido por ser uma nação de festas, a situação no sul deste poderia se considerar estável. Marcela percebera que não demorara muito para elas chegarem a São José do Norte e de lá pegar uma balsa para Rio Grande. O porto ficava a menos de cem metros do Hospital Universitário Doutor Miguel Riet Corrêa Junior. Era naquele local a sede da tão falada resistência sulista. Resistência contra os mortos-vivos e similares que se aproximavam da estação. A rua toda estava sobre vigilância e o tanto de pessoas as quais se organizaram naquele local era imenso. Guaritas feitas em diversos pontos estratégicos com vidros reforçados o suficiente para que o guarda enviasse um pedido de socorro se encurralado. Ruas com dificuldades de locomoção, feitas justamente visando utilizar a mobilidade pífia dos zumbis contra eles mesmos. Tudo se encontrava muito organizado. Artilharia, pessoal, suprimentos... As garotas poderiam sentir-se seguras naquela região e um suspiro de alívio saiu de suas narinas.
– Uma coisa que devem aprender – o homem bigodudo que se introduziu primariamente começou – Aqui todos devem aprender as chamadas regras da sobrevivência.
– Tudo bem – retrucou Bianca sentindo-se confiante.
– Mas será duro e cansativo – alertou o homem de meia idade descendo do carro e ajeitando seu bigode – Aprenderam combate, primeiros socorros entre outras coisas que o próprio exército costuma aprender. A partir de agora vocês são soldados.
– O que? – perguntou Marcela, uma pessoa magra de cabelos cacheados cuja noção de duelos e batalhas era zero até o apocalipse – Como assim?
– A sociedade mudou minha jovem, cada um tem que fazer sua parte. E é bom quando você sabe um pouco de tudo – ele agora estufou seu peito e começou a caminhar, parecia militar pelas passadas firmes e contínuas – Além do que foi um pedido do baiano que salvou nossas vidas.
– Sim! Tocou no assunto que eu queria saber! – exclamou Bianca se esforçando a manter o ritmo de seu benfeitor – como conheceu o Vini?
– Antes disso, deem suas sacolas a Emmanuelle e a Raissa – ele apontou a uma guarnição a qual ficara logo na entrada do estacionamento – Elas guardarão em seus alojamentos.
Marcela tirou, ainda que desconfiada, sua mochila do ombro. Bianca logo a seguiu por que queria ouvir a história do senhor bigodudo, nome dado imaginariamente a aquele homem, afinal ele não havia se apresentado. Ainda que o fizesse, ela continuaria o chamando assim. Um apelido carinhoso dado ao homem que salvou sua vida e a vida de sua amiga.
A estrutura parecia algo estranho à primeira visão. Oito pavilhões retangulares ligados por corredores grandiosos e salas ainda maiores, visto que nos tempos de funcionamento o hospital fazia mais de oito mil internações e trezentas mil consultas por ano. Espaço confortável, bem climatizado e até ondas de rádio – mesmo com todo o apocalipse fazendo a comunicação ser cortada – existiam. Impressionou a organização: médicos continuavam a atender em alguns quartos, outros serviam de alojamentos aos essencialmente guerreiros. A área da engenharia ficava no último pavilhão de quartos e salas. O que aquele senhor bigodudo fizera com poucas pessoas era algo digno de cinema.
Ele virou uma curva e entrou num corredor com algumas salas exclusivas de reuniões. Uma fita com os dizeres em cima “Diretoria” dava o tom da situação improvisada em que viviam. Nas diversas portas, a gaúcha de Viamão observava que existiam nomes os quais remontavam decisões de governo: Távola Redonda, Blitzkrieg, Logística e Planejamento... Tudo com uma espécie de sala específica para a tomada de decisões. A última sala dizia apenas “Coffee Break” e que ela não entendia o porquê do nome em inglês.
– O que é ‘Cófi breáqui’? – indagou lendo com dificuldade.
– Coffee Break – consertou sua amiga de Piracicaba – É como se fosse uma pausa para o café, para socializar Maa.
– Ah sim! – ela entrou após o bigodudo – Agora entendi.
Logo que ambas jovens entraram, o senhor de meia idade fechou a porta e foi para o outro lado da mesa. Nela havia uma chaleira e três xícaras de vidro. Provavelmente o café havia sido feito instantes atrás.
– Meu nome é Bruno Portinari – disse o homem de bigode – Era general do exército brasileiro antes de tudo isso.
Ele encheu uma xícara e esperou por indagações. Bianca já imaginava aquilo e não se surpreendeu com a revelação enquanto que Marcela somente ficara de boca aberta.
– Conheci o Vini no início do Apocalipse, quando nós do exército tentamos conter a onda de pânico que estava tomando conta do país. Ele me deu um rádio e disse que se eu não conseguisse evitar o pior, que lhe contatasse – disse á medida de um gole e outro do café recém-feito – Não entendi muito o porquê daquela atitude de um ser que eu deveria proteger. Mas guardei o rádio, afinal ele poderia precisar de minha ajuda.
– Sim e o que aconteceu?
– Fui transferido de volta a Florianópolis, mas a linha de rádio ainda estava aberta. Defendi meu povo com unhas e dentes, só que conterrâneos meus morriam e tombavam a meu lado – lágrimas ameaçaram cair dos olhos do general, contudo ele as enxugou rapidamente – Transferi todos os sobreviventes para Balneário Camboriú.
– Quanto tempo faz isso?
– Vai fazer um ano. Foi então que eu contatei o garoto de vinte anos à época – Bruno colocou mais café em sua xícara – Conversei sobre a minha situação e ele primeiramente começou a me explicar sobre o vírus que assolava o mundo. Vocês sabem sobre ele ou o nome?
– Não. – disse Marcela.
– Desconheço também – completou Bianca.
– O vírus se chama Krocodil H, o qual apelidamos de Kroc – Bruno continuou cruzando os dedos das mãos - O nome vem de uma droga de mesmo nome. Ela tem uma das consequências mais devastadoras que existem afinal à pele da pessoa passa a ter um tom esverdeado e cheia de escamas, como a de um crocodilo.
– Não entendi
– Trata-se de uma droga sintética que possui estrutura quase idêntica à da heroína. Só que com um agravante: Ela causa necrose no local onde é aplicada, expondo ossos e músculos. Casos de viciados precisando de amputação ou da limpeza de grandes áreas apodrecidas em seus corpos são cada vez mais comuns – Bruno voltou-se a recostar na cadeira ao responder ao questionamento da paulista – Qual a característica que os zumbis mais têm em comum.
– Pele escamosa, às vezes com a mesma caindo do corpo. Olhos esbugalhados e, já vi por diversas oportunidades, ossos aparecendo... – dessa vez fora Marcela que tomou a palavra.
– Essas são as características mais marcantes de um usuário da droga original. Em humanos, isso precisa ser amputado. Nos zumbis, já viu a locomoção deles não?
– Sim!
– Então, o vírus utilizado nos soldados super-humanos tem essa enzima. A enzima criada a partir do Kroc. – Bruno suspirou – Só que existem pessoas os quais o Kroc não atinge. São imunes... É o que o próprio Vini disse uma vez: A natureza é perfeita e por isso os humanos, quer queira ou não, são subordinados a ela.
– Existem? Quais são essas pessoas?
– Elas são os divergentes. Possuem um gene da divergência – disse o homem de bigode se levantando e pondo suas mãos para trás – Os divergentes podem ajudar a conseguir salvar a humanidade com seu sangue e suor.
– Sério? E quem são eles?
– Você, Marcela, é um deles – o general apontou para a garota – por isso você e sua amiga receberão treinamento redobrado. Você quer salvar o nosso país ou ficar no ostracismo querendo sempre ser salva? Quer virar uma diva do novo mundo ou quer simplesmente ficar escondida? O que você quer... Divergente?
As questões de Bruno atingiram Marcela de um jeito a qual ela não poderia imaginar. Muitas ideias e imaginações permearam sua mente. Entretanto, a sua resposta não poderia ser diferente.
– Eu quero.
– Quer o que?
– ‘Divar’ no nosso novo mundo.

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