23 de mar. de 2014

Fanfic - Sobreviventes do Apocalipse - Capítulo 08

Capítulo 08 - Thanatos 
Isadora levantou-se com dificuldade. Como uma pessoa tivera uma grande facilidade em lidar com ela daquele jeito? Tudo bem que não tinha força ou habilidade suficiente para lidar com uma pessoa daquele tamanho. Porém a facilidade que aquele homem a atacara e a subjulgara fora de uma forma que nem ela mesma imaginava. Checou por ferimentos em seu corpo e somente tivera arranhões leves e isso era uma coisa para se alegrar. O problema era que um alarme soava intensamente e uma horda se aproximava rapidamente.
“Quando eles se tornaram tão rápidos?”
Isa – como Elileudo a chamava – encontrava-se sem arma, sem instrumentos, sem absolutamente nada de objetos contundentes. Teria que correr. Fugir. Escapar para sua própria sobrevivência, todavia sabia que seu companheiro estava desacordado e a mercê dos mesmos mortos-vivos que vinham em sua direção. Naturalmente, dado o manual de sobrevivência que ela e seu parceiro seguiam fielmente, descer uma ladeira num ataque de zumbis era o mais sensato a fazer. Isso acontecia graças ao sistema motor deles ser muito debilitado. Subir era até mais fácil, mas descer requeria uma velocidade maior. Uma velocidade maior graças à gravidade que os puxava para baixo. Uma caminhada numa ladeira, em direção ao declive fazia os infectados caírem e rolarem. Uma subida era facilitada. Elileudo havia pensado até nisso e, portanto Isa poderia seguir suas instruções...
Só que ela decidiu subir. Elevar-se ao patamar de uma salvadora. Uma heroína. Não deixaria a pessoa que viera de tão longe para resgatá-la perecer num lugar como aquele. Numa cidade onde, no máximo existiam duas pessoas além deles: Thallita Santana e o homem que a nocauteou.
Correu. E alcançou o meio do aclive em poucos minutos, contudo se cansara muito rapidamente. Eli – apelido do cearense – ainda dormia forçadamente. O golpe fora forte e Isa não pensou duas vezes em trancar a casa, fechar as janelas e lacrar todas as entradas de luz. Iria se fingir de morta em um canto interiorano da casa, o suficiente para que eles não a escutassem.
Jogando por cima do jovem, retirou uma arma branca – um canivete suíço – de seu bolso e ficou como um animal que protege seu filhote. Como uma pessoa que protege seu cônjuge amado das intempéries apocalípticas que os ameaçavam. Era decerto que se invadissem, não conseguiria o defender de todos os zumbis que entrariam, porém morreria tentando. Não há nada melhor, para uma pessoa como ela, para uma guerreira de um mundo já esquecido do que morrer nos braços de uma pessoa amada.
Longos minutos se passaram. Só que nenhum morto-vivo sequer apareceu na porta. Talvez ficassem ao redor do carro com alarme, talvez tivessem desistido de segui-la. Havia diversas possibilidades. Somente uma resposta. Ou nenhuma. Será que ela estava acreditando no que escutava? Será que a deusa da sorte teria sorrido para ela? Não sabia. Somente que deveria esperar atenta até ao menos a calada da noite...
Não obstante, Thanatos observava tudo ao longe. E se perguntava o porquê veio ao Brasil se suas criações derrubaram as maiores potências mundiais? A resposta estava na ponta da língua. Na América – Estados Unidos – só havia um divergente vivo. Tinha matado todos, só que a última conseguiu escapar de alguma forma. Na Europa não existia mais pessoas com esse gene e o Brasil, ainda com todas as dificuldades e cento e noventa e nove milhões de pessoas infectadas, existiam mais pessoas com o gene da Divergência vivo do que em outro lugar.
– Thallita. – a voz de Thanatos soou rouca e ponderada. Um sotaque britânico forte completava o tom de sua fala – Você prometeu ajudar a encontrar as pessoas especiais... E ainda sim foge de mim?
– Eu me enganei. Pensei que usaria os divergentes para criar uma cura – respondeu a garota com certa dor. Ele segurava forte seu cabelo – Não matá-los. Você deu informações ao tirano chamado Governador!
– Jaqueline Saraiva, Vinicius Ribeiro, Júlia Dalboni, Marcela da Fontoura, Cláudio Rosário e Elileudo Júnior... Seis divergentes.
– Você teve a oportunidade de matar o Eli... – ela amansou a voz a espera que o deus o qual trouxera a morte ao mundo conhecido tivesse a complacência de lhe soltar – Por que não o fez?
– Resistência – respondeu Thanatos retirando suas mãos do cabelo de sua guia – Quero testar uma nova fórmula.
– Qual?
– Eles realmente são capazes de enfrentar as adversidades? Que eu sabia o Vinícius malmente pisa na terra enquanto Júlia e Jaqueline lutam por outras pessoas. A distinção é imensa.
– Você espera que eles se juntem?
– Não. Eu espero que eles preparem a cura.
– Por que eles e não as pessoas do restante do mundo? O brasileiro é tão especial assim para você?
– Um brasileiro foi que me ajudou a desenvolver a enzima. Deve ser um que deva achar a cura ou ao menos pensar como em montar uma.
– E a tecnologia?
– Isso é comigo. Agora vamos mulher. Temos um cenário inteiro a observar. Veremos se o Governador é bom o suficiente para matar seis divergentes e seus aliados. Nos Estados Unidos, os escolhidos pela natureza eram mais fortes que seus amigos e isso facilitou o infortúnio deles. Aqui no Brasil, é o contrário a exceção de três pessoas. – ele sorriu – Saiba de uma coisa. A história do novo mundo só está começando.
***
– Se o Enzo mobilizou o pai dele, então acho que devo me tranquilizar a respeito da Marcela.
Foi à primeira frase dita pelo baiano que conseguira um iate maior só que ainda sim não era o suficiente para caber a Range Rover. Pensou em ir por terra, mas ele não se arriscaria em algo que nunca fizera. Tinha um cuidado especial a respeito desse tipo de coisa. Faltava alguma coisa. Um sentimento que qualquer pessoa em sua situação possuiria: Coragem. Não aquela sem noção. Aquela consentida. Aquela que surge quando quer salvar uma pessoa que gosta. Que te dá forças além das suas para conseguir um objetivo distante. Alguns confundiam com Otimismo. Para Vinicius ele costumava pensar simplesmente que era melhor ser cauteloso e cuidadoso a respeito de arriscar.
Levou um dia inteiro investigando todos os compartimentos e lugares do Iate. Um alojamento do capitão que cabia confortavelmente ele e mais uma pessoa na cama de casal e mais outros espalhados que totalizavam doze lugares. Detinha cozinha simples e alguns lugares para guardar as coisas. De seu barco retirou tudo e colocou em quartos espalhados pelo Iate de médio porte. Estava satisfeito com tudo aquilo. Grande demais chamava a atenção, pequeno demais não suportaria a quantidade que teria que transportar. Sorrindo, se pôs no lugar do artista de Carga Explosiva, afinal ele era um transportador de mercadorias de todos os tipos, inclusive humana.
O rádio funcionava e ele passou a entrar em contato com as diversas pessoas, entre elas estavam certo alguém que ele realmente tinha medo.
– Olá Vini.
Quando escutou aquela voz no rádio estremeceu.
– Quanto tempo? Quando você veio ao Recife? Não se preocupe que não irei atrás de você agora...
O sotaque britânico não o enganava. O mensageiro da morte realmente falava com ele.
– Thanos...
Era o apelido que o jovem de vinte e um anos dera ao líder daquilo tudo.
– Só quero que faça uma coisa.
– O que?
– Vá ao Rio e coloque umas pessoas nesse seu barco.
– Por quê?
Vinicius disse isso instantaneamente quando queria dizer: Como sabe que troquei de barco?
– Vai saber quando chegar lá... Você vai precisar de uma mãozinha para suas próximas missões.
– Não sou seu cão de guarda, Thanos.
– Virou meu cão quando você – ele pigarreou – fez o que eu queria anos atrás.
O baiano trincou os dentes e encerrou a ligação.
– Eu acabei entrando numa fria maior ainda.
E com essa frase Vinicius direcionou seu novo barco, seu iate para a baía de Guanabara...

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